Com sabedoria e discernimento próprios, o primeiro Papa
jesuíta da Igreja Católica apresentou seu discurso de conclusão. A palavra
“significado” acompanhou cada parágrafo do documento. As três semanas de
trabalho no Vaticano foram o ponto de chegada de um longo caminho percorrido
por cristãos do mundo todo. Os debates deram demonstrações da vitalidade da Igreja
Católica. Quase despercebido, no rodapé, um detalhe do discurso do Papa
Francisco, disponível na internet, chama à atenção. Uma análise em forma de
acróstico ajuda a resumir a missão da família na Igreja.
O significado de cada letra da palavra família
O texto original foi escrito em italiano, portanto, as
iniciais são da palavra famiglia:
Formar as novas gerações para viverem seriamente o amor, não
como pretensão individualista, baseada apenas no prazer e no «usa e joga fora»,
mas para acreditarem novamente no amor autêntico, fecundo e perpétuo, como
único caminho para sair de si mesmo, para abrir-se ao outro, sair da solidão e
viver a vontade de Deus, para realizar-se plenamente e compreender que o
matrimônio é o «espaço onde se manifesta o amor divino, para defender a
sacralidade da vida, de toda a vida, e defender a unidade e a indissolubilidade
do vínculo conjugal como sinal da graça de Deus e da capacidade que o homem tem
de amar seriamente» (Homilia na Missa de Abertura do Sínodo, 4 de Outubro de
2015); enfim, para valorizar os cursos pré-matrimoniais como oportunidade de
aprofundar o sentido cristão do sacramento do matrimônio;
Aviar-se ao encontro dos outros, porque uma Igreja fechada
em si mesma é morta; uma Igreja que não sai do seu aprisco para procurar,
acolher e conduzir todos a Cristo atraiçoa a sua missão e vocação;
Manifestar e estender a misericórdia de Deus às famílias
necessitadas, às pessoas abandonadas, aos idosos negligenciados, aos filhos
feridos pela separação dos pais, às famílias pobres que lutam para sobreviver,
aos pecadores que batem às nossas portas e àqueles que se mantêm longe, aos
deficientes e a todos aqueles que se sentem feridos na alma e no corpo e aos
casais dilacerados pela dor, doença, morte ou perseguição;
Iluminar as consciências, frequentemente rodeadas por
dinâmicas nocivas e subtis
Iluminar as consciências, frequentemente rodeadas por
dinâmicas nocivas e subtis, que procuram até se pôr no lugar de Deus Criador.
Tais dinâmicas devem ser desmascaradas e combatidas no pleno respeito pela
dignidade de cada pessoa; ganhar e reconstruir com humildade a confiança na
Igreja, seriamente diminuída por causa da conduta e dos pecados dos seus
próprios filhos. Infelizmente, o contratestemunho e os escândalos cometidos
dentro da Igreja por alguns clérigos afetaram a sua credibilidade e
obscureceram o fulgor da sua mensagem salvífica;
Labutar intensamente por apoiar e incentivar as famílias
sãs, as famílias fiéis e numerosas que continuam, não obstante as suas fadigas
diárias, a dar um grande testemunho de fidelidade aos ensinamentos da Igreja e
aos mandamentos do Senhor;
Tirar do coração dos jovens o medo de assumir compromissos
definitivos
Idear uma pastoral familiar renovada, que esteja baseada no
Evangelho e respeite as diferenças culturais; uma pastoral capaz de transmitir
a Boa Nova com linguagem atraente e jubilosa, tirar do coração dos jovens o
medo de assumir compromissos definitivos; uma pastoral que preste uma atenção
particular aos filhos que são as verdadeiras vítimas das lacerações familiares;
uma pastoral inovadora que implemente uma preparação adequada para o sacramento
do matrimônio e ponha termo a costumes vigentes, os quais, muitas vezes,
preocupam-se mais com a aparência de uma formalidade do que com a educação para
um compromisso que dure a vida inteira;
Amar incondicionalmente todas as famílias e, de modo
particular, aquelas que atravessam um período de dificuldade. Nenhuma família
deve sentir-se sozinha ou excluída do amor e do abraço da Igreja; o verdadeiro
escândalo é o medo de amar e manifestar concretamente esse amor.
A Igreja não tem medo de abalar as consciências anestesiadas
O Santo Padre afirma que a Igreja “não tem medo de abalar as
consciências anestesiadas ou sujar as mãos com discussões animadas e francas
sobre a família”. Os bispos buscaram olhar e ler as realidades com os olhos de
Deus, para acender e iluminar com a chama da fé os corações das pessoas numa
época marcada por desânimo, crise social, econômica, moral e negativa. Corações
fechados também foram observados, bem como tentativas de julgamento, com sinais
de superioridade e superficialidade. No entanto, no caminho desse Sínodo
prevaleceram livre expressão de opiniões e resultaram em um diálogo rico e
animado, “proporcionando a imagem viva de uma Igreja que não usa «impressos
prontos», mas que, da fonte inexaurível da sua fé, tira água viva para saciar
os corações ressequidos.
Fonte: Canção Nova
Nenhum comentário:
Postar um comentário